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sábado, 8 de maio de 2010

O Mundo Em Meus Braços

Como todas as manhãs, eu estava passeando com a minha sobrinha pela cidade. Enquanto empurrava o carrinho, admirei-me com a alegria que ela sentia por segurar um balão que eu amarrara ao carrinho antes de sair de casa. O seu sorriso cativante, os olhos brilhando e o balão em segurança no seu pequeno, mas aconchegante abraço.

Ia caminhando e refletindo naquela cena. Imaginei-me em seu lugar: o conforto de um carrinho de passeio, a confiança ao ser levado por alguém que me ama e braços incapazes de abraçar algo maior que eu.

Por tantas vezes desejei carregar o mundo em meus braços, aconchega-lo e, num doce acalanto, dizer que ele poderia aspirar a novos ares, pois eu o guiaria. Ilusão! Utopia! Jamais poderei fazer do mundo um lugar melhor, ele nunca poderá aspirar a novos ares no que depender de minhas capacidades!

Fiz uma pausa no passei e parei num playground em meio à sobra de árvores. Via outras crianças correndo enquanto minha sobrinha, que é neurótica por higiene, estava no meu colo por ter nojo de colocar os pés na areia.

Foi então que um morador de rua apareceu e pediu qualquer coisa de comer às mães e avós que estavam no playground. Elas, por sua vez, refutaram o pedido daquele senhor.

Alguns minutos depois apareceu um filhote de cachorro que encantou a todos que estavam lá. A reação daquelas mulheres foi instantânea: elas abriram as mochilas, pegaram bolachas e deram às crianças para que elas alimentassem o cachorrinho.

Fiquei revoltado com aquilo! Levantei-me, coloquei minha sobrinha no carrinho e saí daquela praça. Não tinha levado carteira, mas procurei nos bolsos alguma quantia enquanto entrava em uma padaria. Encontrei R$2,00. Convenci o atendente a me vender dois salgados pelo preço de um e voltei à praça.

Hesitei um pouco ao ver aquele senhor de rua amassando latas de alumínio para vendê-las depois, mas olhei para minha sobrinha e a vi segurando o balão em seus pequeninos braços. Tomei coragem e me sentei ao lado dele.

Entreguei o que seria o almoço daquele homem e não pude resistir às seguintes palavras acompanhadas de olhos marejados: “Mas... Por quê?!”. Eu o abracei enquanto tentava segurar as lágrimas e conversei com ele.

Usei o resto da manhã para falar com o seu Pedro. Não precisei falar sobre pecado, inferno ou qualquer coisa desse tipo, ele já sabia tudo isso. Falei sobre o amor, a graça de Deus e a compaixão que devemos ter. Falei que estava ali por amá-lo como Jesus o amava. Falei que agindo daquela forma eu poderia abraçar o mundo com meus tão pequeninos e incapazes braços...

E sim, eu consegui abraçar o mundo!