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terça-feira, 2 de novembro de 2010

E(n)(s)colha



Escolhi o meu caminho,

Sei para onde ele me leva,

Sei e é dolorido.



Escolhi o meu caminho,

Sei para onde ele não vai,

Sei e não volto atrás.



Encolhi o meu caminho,

Sei para onde deixo de ir,

Sei e aqui fico.



Encolhi o meu caminho,

Encolhi a escolha,

Escolhi e encolhi.


Guilherme Henrique Miranda






Não escolhi encolher meu caminho, escolhi encolher meus passos. Não escolhi encolher meus objetivos, escolhi encolher minha perspectiva. Não escolhi encolher minha espera, escolhi encolher minha ansiedade. Não encolhi minhas escolhas, escolhi encolher.



Que meus passos trôpegos não me impeçam de chegar, mas que me levem a uma caminhada vagarosa, onde eu possa sentir a terra molhada, sentir o cheiro da mata, sentir o canto dos pássaros, sentir a brisa, sentir a vida encolher. Que eu ande como uma criança perdida num lugar nunca visitado antes: assombrado com o desconhecido, mas atento a tudo o que me rodeia.


Que meus passos encolham diante da minha vida que encolhe. Que minha escolha não encolha, mas que a vida encolha e dela eu colha surpresas novas a cada dia.




Foto: Filomena Fonseca