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quarta-feira, 6 de maio de 2009

A Compaixão

Tenho a ótima mania de buscar raízes etimológicas das palavras que usamos freqüentemente mas que nunca paramos para entender o que realmente querem dizer. Uma palavra que me chama muito a atenção, é compaixão. A palavra compaixão aparece em algumas línguas antigas. São elas: Francês antigo (compassion), latim antigo (compassionem) e grego (compati). Porém, sua grande raiz é a língua grega.

Paixão vem da palavra grega patia (doença; que traz dor; que faz sofrer). Compaixão nada mais é que a expressão do que se sente. Se eu tenho compaixão de alguém, a dor a qual a pessoa está sentindo é a mesma que eu estou sentindo. Se me compadeço com a situação do mundo, o que afeta o mundo está me afetando; se me compadeço com a situação das crianças abandonadas na rua, o que traz dor a elas dói em mim também; se me compadeço de um cachorro que está passando fome, a fome que ele sente também é refletida em mim.

Diante disso tudo eu pergunto: quantas vezes sentimos compaixão de algo ou alguém? É tão mais fácil sentirmos remorso, tristeza, pena ou qualquer outra coisa que não nos comprometa tão grandemente. Para que sentir a dor dos outros se ele é uma pessoa e eu sou outra? Simples: "Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram" (Romanos 12:15). O que Paulo quis dizer nesse versículo não é apenas que devemos nos importar com o que os outros estão passando, mas devemos também sentir o que eles sentem. A vida cristã não é fácil e todos sabem disso, mas o que nos torna diferentes é a união que temos, o sorrir em unidade, se alegrar em comunhão, chorar juntos e etc.

A compaixão nos conduz ao perdão. Um grande exemplo disso é narrado no livro Falsos, Metidos E Impostores (Brennan Manning). Após ler esse texto muitas práticas de minha vida tiveram de ser revistas. Todos meus pré-conceitos tiveram de ser deixados de lado.

A compreensão mobiliza a compaixão que nos possibilita perdoar. Stephen Covey recorda um incidente no metrô de Nova York numa manhã de domingo. Os poucos passageiros no vagão estavam lendo jornal ou cochilando. Covey estava envolvido numa leitura, quando certo homem embarcou com algumas crianças, que deram início à bagunça. A criançada corria de um lado para o outro do vagão, gritando e lutando umas com as outras. O pai não mexia um dedo para coibir aquilo.

Passageiros mais idosos mudavam de lugar, visivelmente irritados. Covey esperava com paciência que o pai restaurasse a ordem com uma bronca leve, uma palavra de ordem, qualquer expressão de autoridade paterna - mas nada. A tensão toda se transformava em frustração. Por fim, Covey voltou-se para o pai e disse educadamente:

-Talvez o senhor possa restaurar a ordem aqui, se disser aos seus filhos que voltem e sentem.

-Eu sei que eu deveria fazer alguma coisa - respondeu o homem. Estamos vindo do hospital. A mãe deles morreu faz uma hora. Eu simplesmente não sei o que fazer.

Exatamente quando eu acho que sei, descubro que não sei.

Dificilmente a realidade é aquilo que nos parece mais óbvio.

O que eu não sei é quase sempre mais importante que aquilo que sei.
Quando sabemos onde está a dor do nosso inimigo, a compaixão conduz ao perdão.
(MANNING, Brennan. Falsos, Metidos e Impostores)



Muitas vezes temos de sofrer algo impactante em nossas vidas para que elas sejam mudadas, porém esse é o caminho errado. Temos de acertar o que somos, isso é certo, mas não podemos esperar algo acontecer para mudar. Platão dizia: "Não espere por uma crise para descobrir o que é importante na sua vida". Gandhi dizia: "Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo". Charles Dubois dizia: "O importante é termos a capacidade de sacrificar aquilo que somos para sermos o que temos de ser". Eu digo: "Ser ser sem ser ser não é, certamente, ser".

8 comentários:

Kelvin disse...

Perfeitasso cara!

já tinha lido esse trecho do Manning, e se encaixa perfeitamente com o que você escreveu.
Nada a acrescentar, a não se te parabenizar.

Teu blog é show!
Abraços!

Tania disse...

Ótimo texto^^
as vezes as pessoas tem tantas coisas p/ fazer e tanto oque reclamar,que esquecem que estão vivos, e que há gente com piores situações que a dele...pessoas que necessitam de uma palavra de amor, de otimismo e ate mesmo um ''bom dia'' ,pessoas esperando um abraço,uma palavra de Deus p/ sua vida ter novamente um sentido

muitos até sentem a compaixão,mas as vezes é só um momento e esquecem das pessoas na primeira crise que enfrentam....

Devemos sim ter compaixão,mais oque adianta ter sem mudar algo,sem ajudar,sem procurar saber.
tudo depende da decisão !!!



Tania :D

Mari disse...

Lembra daquela mensagem do "Coração Quebrantado"?
Ser simpático às situações... deixar o coração ser quebrantado pelas coisas que quebrantam o coração de Deus.

Aliás,compaixão e simpatia devem ser sinônimos, não? Analisando, assim... os radicais... HAhaAhHAhA!

Quezia disse...

Guilherme Souza Passos...que post hein?!
Perfeitão!!
Amei esse trecho do Manning.
E entendi melhor o significado da palavra COMPAIXÃO.
Idéia muito bem elaborada, e estruturada.
Beijos

Deborah disse...

Simplesmente Lindo!
Adorei!
Beijos!

Unknown disse...

"Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo"

Ninguém o é de fato!

Adorei o post?!!?!??Vc é 10!!!

Bjussssssssssssss

Anônimo disse...

Vitinho

sem palavras, continue usando esse dom que Deus te deu pra passar aquilo que pode e vai revolucionar o mundo...
Iradaaçooo o texto e as colocações gosteiiiiii muitooo mesmooo
é nóis Guii
Paz

Anônimo disse...

Ja não me surpreende, incrivel é a forma como consegue ir além do que posso imaginar!

A msg que transmite com o texto acima está magnífica. PARABÉNS!

Te amo
Eu... S.S