Páginas

sábado, 7 de novembro de 2009

Cego Que Não Enxerga

Acho incrível como os animais lidam com algum “superior”...

Os cachorros se submetem às mais idiotas ordens dadas pelos seus donos a troco de um petisco, enquanto a sua natureza é esquecida; os pássaros se submetem às gaiolas e a cantar durante o dia inteiro em troca de alpiste e “segurança” contra felinos e alguns répteis, enquanto a sua natureza é esquecida; os cavalos permitem que os explorem, forçando-os a levar cargas que não são suas, em troca de ração, água fresca e um pouco de pasto, deixando de lado a sua natureza...

Existe um animal, o mais engraçado de todos, que aceita todo tipo de ordem com o rabo entre as pernas, ficando preso em gaiolas e levando chicotadas por não fazer direito o que não é seu dever, em troca de comida, água, segurança e um espaço verde para passar momentos de lazer, deixando de lado a sua natureza... Coitado desse animal, é apenas um pobre cego... E há quem pense que fui redundante no título...


Guilherme Henrique Miranda
São Vicente, 7/11/2009

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Algo Comovente - A Ingrata Ingratidão

Uma criança chorando.

Não, leitor. Não adianta procurar nas linhas seguintes algo que lhe comova. O que há de comovê-lo é o choro da criança, na verdade o que a fez chorar.

Para Mário Quintana e qualquer outro escritor consciente, bom leitor é aquele que ao se deparar com uma simples frase, continua a leitura em seus pensamentos, num plano metafísico, num mundo real, pois nele somos quem somos, deixamos máscaras de lado.

Caro leitor, não me diga que, com a frase inicial, você não conseguiu ouvir uma criança contar o porquê do choro. Você não ouve o choro da criança que não tem o que comer? E quanto ao choro da criança que sofre abusos sexuais quando o pai está bêbado? O que dizer daquelas que choram por ver seus irmãos caídos no chão devido uma overdose? O que mais consegues ouvir, ou já estás surdo a ponto de não ouvir o clamor dos outros?

Porém, o choro mais forte que ouço nessa frase é o da criança – bendito ser superior aos adultos – que chora por perceber que foi colocada nesse ingrato mundo de ingratos seres, que vivem ingratas vidas, que não percebem a ingratidão de seu coração ao ler o ingrato texto desse ingrato escritor que apenas quer mostrar a ingratidão daqueles que aprisionam a criança interior ao tampar ingratamente os seus ouvidos para o choro das ingratas crianças...


Guilherme Henrique Miranda
São Vicente, 3/11/2009

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Espanto

O que me assombra no ser humano, não é a sua capacidade maléfica: é a sua capacidade de viver a completa ausência da bondade.

Guilherme Henrique Miranda
São Vicente, 27/10/2009


Como diria a Mari, minha nipônica preferida, a única coisa boa dessa vida de professor, ou como chamo carinhosamente, meu estresse cotidiano, são as análises que tenho feito do ser humano, e que tem gerado posts nesse blog.

Sim, por hoje é só isso. Prometo atualizar o blog decentemente no feriadão. Até lá, reflitam nessa frase.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Estranha Simetria

Os seres humanos que não conseguem aceitar as suas diferenças, não conseguem perceber a explícita falta de simetria na natureza. Se há diferenças interiores e exteriores no homem, há um número absurdamente maior na natureza: cores, tons, formas e cheiros, o que é essa diversificação se não a mais perfeita beleza?

Como diria mamãe, “o que seria do azul se todos gostassem do verde?”. O grande defeito de quem não aceita diferenças, sejam elas sociais, raciais, lexicais ou qualquer outra, é mão perceber o auto-repúdio. Se sou diferente de alguém, possuo diferenças – isso é mais do que óbvio. Se sou igual, não sou obra da natureza. Deus do céu! Será que estou em meio a andróides e nunca percebi?!


Guilherme Henrique Miranda
São Vicente, 20/10/2009

domingo, 18 de outubro de 2009

Ainda Há de Ser Amor

Peço perdão, mas por problemas técnicos, não estou conseguindo postar um texto aqui. Em breve voltarei.

Por enquanto, fiquem com uma das últimas poesias:


Ainda Há de Ser Amor


Se teu riso é tão fácil como dizes,
O meu encanto por ti foi instantâneo...
Meus olhos celebram de tão felizes,
Por um vislumbre teu momentâneo.

Teu jeito singular, o teu meigo olhar...
O que mais poderia eu querer se não
ter a oportunidade de contigo estar?
Acalme-se, aquiete-se, coração!

Barreiras? Eu hei de atravessar!
Radias o mais belo esplendor,
Unindo o céu, o sol e mar...

Na imensidão de tua beleza,
A estranha e doce certeza:
Ainda há de ser amor!


Guilherme Henrique Miranda
São Vicente, 12/10/2009

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Passeio no Zoológico

Pai e filho resolvem aproveitar o feriado para fazer uma visita ao zoológico.

- Papai, papai!
- Oi, filho...
- Olha o macaco, pai!
- Papai viu...
- É verdade que nós viemos do macaco?
- Deixa de falar besteira, filho!
- Mas o professor disse isso na escola... O ser humano evoluiu do macaco, não?
- Não, filho. Seu professor se confundiu. O macaco é a evolução do ser humano...


O ser humano não é a prova viva de que a Teoria da Evolução de Darwin estava certa, mas ele prova que Darwin chegou perto... Se ao invés de Teoria da Evolução se chamasse Teoria da Involução, eu poderia acreditar nela!

Como diria Lulu Santos: "Assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade..."

 
 
Guilherme Henrique Miranda
São Vicente, 1/10/2009

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Certo Não, Menos Errado!

Sábado, dia 19/9/2009, estava eu andando na rua por volta de 19h40. Como já é de costume, eu estava distraído, ouvindo música no volume máximo que o celular permite. Mesmo distraído eu consigo ficar atento ao mundo ao meu redor - sim, eu sei que isso parece um tanto paradoxal -, sendo assim, parei no semáforo e olhei uma cena intrigante. Narrarei o fato a seguir:

O semáforo era de três tempos, ou seja, uma mão está verde e as outras duas vermelha. À minha direita vinha um ciclista, que olhou para a direção da mão livre ao tráfego e passou o sinal vermelho. Na perpendicular, vinha um motociclista, que olhou para a mão livre ao tráfego e passou o sinal vermelho. O encontro entre a moto e a bicicleta era inevitável, eu não poderia fazer nada, apenas parei e assisti a cena de camarote. Não, essa não é a cena "intrigante" de que falei no parágrafo anterior, ela se deu logo após esse acidente.

A batida foi leve, não houve ferimentos, mortes ou sangue, como alguns estavam esperando. O que eu realmente quero trazer a vocês, leitores, é o diálogo entre o ciclista e o motociclista:

- Pow, cara! Como tu atravessa o vermelho daquele jeito?
- Eu olhei, véio! Eu olhei e não tinha nada vindo! Tu que atravessou o sinal!
- Sem essa! O semáforo ia abrir pra mim em seguida, brother!
- E o semáforo tinha acabado de fechar pra mim, cara! Tu tá chapado?
- Tu bate em mim e eu tô chapado?
- Caracas... Tu que se enfiou na minha frente, véio!
- Eu? Já disse: o semáforo ia abrir pra mim quando a outra mão fechasse!
- Eu também já disse, cara! O semáforo tinha acabado de fechar pra mim!

Acho que vocês perceberam que eu alterei um pouco o diálogo, tirando os termos perjorativos que ambos usaram, né? Enfim... O diálogo continuou, mas eu não fiquei para ouvir... Segui o meu caminho rindo e dizendo para mim mesmo:

- É, ser humano... Como podes ser tão idiota? Por nunca estar certo, debates para ver quem é o menos errado...



Guilherme Henrique Miranda
São Vicente, 28/9/2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A Intolerância

José das Dores nasceu em uma pequenina cidade perdida pelo interior de nosso país. Teve uma infância difícil, trabalhava em uma mina de carvão para ajudar a sustentar seus sete irmãos. Filho de mãe solteira, nunca conheceu seu verdadeiro pai, era um bastardo. Para compensar, José chamava de pai qualquer um dos diversos homens com quem sua mãe saía. Nunca teve a sorte de possuir o mesmo pai por mais de 11 meses: era só a barriga da mãe crescer e pronto, o “pai” picava a mula.

Mesmo tendo de trabalhar para sustentar sua família, José das Dores decidiu estudar. Não tinha dinheiro para comprar o material escolar que os demais alunos possuíam e, por isso, virou motivo de chacotas na escola. Como ele poderia esquecer da risada e piadinhas das outras crianças? Ele recordava, principalmente, de um dia quando o professor o humilhou diante de toda a turma: colocou-o de frente à parede trajando um chapéu com duas orelhas de burro.

Certo dia, o dono da mina de carvão tentou abusar sexualmente de José das Dores; contudo, a sua agilidade o salvou: ele se soltou das garras do homem, pegou uma barra de ferro e acertou em cheio a testa daquele tirano. Depois de agredir o patrão, José teve de fugir da mina. Correu aos prantos para casa buscando o abrigo da mãe. Ao chegar a casa, teve uma grande surpresa: a mãe o repreendeu, deu-lhe uma boa surra e o mandou de volta à mina para pedir desculpas ao chefe e dizer que ele acataria a todas as ordens, fosse elas quais fossem. Prefiro abster-me de lhes contar o que aconteceu daquele dia em diante na mina de carvão.
José das Dores teve de conter sua amargura para não prejudicar sua família, teve de tolerar as piadinhas na escola para não prejudicar seu sonho de modificar o futuro que todos diziam que ele teria, teve de tolerar os pés que passavam sobre ele constantemente.

Finalmente ele concluiu o ensino fundamental. Mas, ao contrário do que ele pensara, sua vida não mudou para melhor. Faltavam-lhe oportunidades de emprego, faltava-lhe uma chance para demonstrar o seu verdadeiro valor. Se você, leitor, achou a história de José das Dores triste até agora, não consegue sequer imaginar o sofrimento que lhe estava reservado.

Como todos devem saber, a exposição humana ao dióxido de carbono (CO²) em locais confinados, gera problemas respiratórios. José das Dores descobriu isso da pior maneira: de modo prático. Aquela negra e densa fumaça apossou-se de seus pulmões, trazendo mal estar, fraqueza e uma tosse que mais parecia navalhas cortando seu peito.

Alguém consciente denunciou a mina de carvão ilegal e logo a polícia, agentes da saúde, agentes tutelar e a televisão apareceram. O causo de José das Dores ficou conhecido no país inteiro. Infelizmente os jornais tiveram de noticiar sua morte. Seria apenas mais uma pessoa morta pela intolerância humana, mas o prefeito da cidade tentou se redimir de uma forma inusitada, para não dizer irônica.

Hoje, José das Dores é o nome de uma rua naquela pequenina cidade afastada e perdida no interior de nosso país. Agora que José das Dores é uma rua, ele poderá dar continuidade àquilo que ele sempre fez em sua vida: ser pisado por todos os que o conheciam e pela intolerância humana.


Guilherme Henrique Miranda
Santos, 14/9/2009

domingo, 13 de setembro de 2009

Flores No Ar... Borboletas No Chão...

Tchau! Sim, tchau! Oras... E por que eu tenho de começar um diálogo com uma saudação? Quem definiu que tchau é uma saudação de despedida e olá uma saudação de chegada? Teto... Quem colocou o nome dele de teto? T-E-T-O... Por que não “toté”, eu acho que soa melhor, viu?

Pois é, caros leitores... Além de descobrir que seremos eternamente dependentes nessa vida e de que nunca alcançaremos a sonhada liberdade, hoje eu percebi que nem os nossos pensamentos são livres, afinal de contas, o nosso vocabulário e a idéia que temos de cada coisa, são estipulados por alguém. Um dia me disseram que som é aquilo que eu ouço, e não aquilo que eu vejo. Mentira! Deixem-me enxergar o que eu ouço, sentir cada nota de uma música, degustar a voz de Elis Regina, sentir a sutileza e a doçura da música de Villa-Lobos... Ao menos deixem minha mente ser livre e decidir as coisas por si só!

Já que não preciso de Dom Pedro para isso, declaro hoje a independência de minha mente! Ou ficar as idéias livres, ou morrer pela liberdade delas. E, para começar a exercer meu direito, eu digo:

-Flores são enfeites que estão ao chão... Borboletas são enfeites que estão ao ar! Flores no ar... Borboletas no chão...


Guilherme Henrique Miranda
São Vicente, 13/9/2009

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A Liberdade

Olá, meu nome é Liberaldo. Ainda que você, leitor, não me tenha dado liberdade, farei um relato de uma odisséia que enfrentei para alcançar o objeto de maior valor para o ser humano: o direito de ser livre!
        
Como espermatozóide, lutei contra milhões de semelhantes, tive de ser o mais rápido naquela corrida pela liberdade, e eu venci. Cheguei à frente de todos, mas, para minha surpresa, não tive o prêmio esperado. Ao invés da almejada liberdade, deparei-me com uma prisão. Fui condenada a nove meses de prisão – acho que algum dos meus adversários era parente de alguém importante e, por isso, me trancafiaram –, em uma úmida, escura e abafada cela. Não aceitei a decisão tão facilmente assim. Exigi o meu direito de ser livre através de chutes e pontapés! Resultado? Enfim liberdade? Não, uma nova prisão!
        
Nessa nova etapa que tive de encarar, foi-me dada uma vestimenta diferente. Com essa nova roupa, eu pude sentir sensações que eu ainda não conhecia. Os carcereiros falavam sobre tato, audição, olfato, visão e paladar, algo assim. Não vou mentir, adaptei-me à roupa e gostei tanto que até hoje a utilizo, numa versão maior, lógico. Tudo seria perfeito, se não fosse o fato de não conseguir me locomover como eu gostaria. Com o passar do tempo, adquiri a habilidade que os carcereiros chamam de engatinhar e, depois, a de andar. Mesmo com esse “presente”, não alcancei a sonhada liberdade, o que me fez protestar com gritos e choro durante a madrugada. Aprendi a me comunicar com os carcereiros e, aos poucos, comecei a entender o mundo deles. Muitas vezes me parecia complicado, mas eu sempre tinha uma pergunta que resolvia essas dúvidas: “por quê?”. Esse conhecimento que eu estava adquirindo aquietou por algum tempo a grande busca de minha vida, porém logo voltei meus olhos ao foco e quis a liberdade.
        
Esperei durante anos, e finalmente entendi o que era a liberdade para os carcereiros. Por mais que eles me dissessem que ainda não era o tempo para eu me tornar livre, não liguei e, com todo o direito de minha adolescência, reivindiquei os meus direitos – como se isso existisse no mundo dos carcereiros – e pedi a minha liberdade. Eles tentavam me convencer que a liberdade de um prisioneiro criança é muito melhor que a liberdade de um prisioneiro adulto, mas não dei ouvidos. Sem escolha, o casal de carcereiros me liberou.
        
Vitória! Finalmente alcancei a tão sonhada liberdade. Agora que sou realmente livre, tenho de adaptar-me a algumas regras que me foram impostas sem eu nem ao menos ter assinado qualquer documento ou entrado em acordo com alguém. Agora que sou livre, sou obrigado a fazer coisas que eu não fazia e que, muitas vezes, nem quero fazer. Agora que sou livre, tenho o direito de ir e vir garantido por uma tal de “constituição”, mas só se assim me permitirem. Enfim sou livre! Enfim sou dono de mim! Enfim alcancei a total e plena liberdade!


Guilherme Henrique Miranda
Santos, 9/9/2009

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Análise Sincera E Crua

Infância: uma criança que é completamente dependente dos pais.

Velhice: uma criança que é completamente dependente dos filhos.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Nostalgia?

Nostalgia?


Quem nunca sofreu a nostalgia de querer voltar à infância? Comer a sobremesa antes da hora; acreditar que se pode voar; não se preocupar com as “coisas de gente grande”; sentir-se orgulhoso ao descobrir algo – ainda que todos já saibam -; falar o que pensa sem temer grandes represarias – nunca passaram de um castigo ou algumas palmadas -; ter liberdade para sonhar quando se está acordado; entender que quilômetros, às vezes, são mais próximos que alguns metros; achar que é eterna cada nova paixão...

Eu! Jamais senti tal nostalgia. Não, não sou criança, já me consideram “gente grande”. O que sou, então? Sou poeta!

Que viva sempre essa minha alma sem limite, infinita, mas completa... Viva sempre essa minha alma pura, vívida, cheia de esperança... Viva sempre essa minha alma de criança, alma de poeta!


Guilherme Henrique Miranda
Santos, 4/9/2009

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Nunca Quis Te Amar

Já que estamos nesse clima de "love", vou postar uma poesia que eu fiz segunda-feira...


Nunca Quis Te Amar

Não me olhe desse jeito,
Não me condene, que culpa eu tenho?
Nunca quis te amar e jamais vou falar...


Não diga essas palavras,
Não verbalize seu pensamento.
Nunca quis te amar e jamais vou falar...


Não me toque assim,
Não traga sua mão ao meu rosto.
Nunca quis te amar e jamais vou falar...


Não dê importância ao que eu digo,
Não se importe, não de ouvidos.
Nunca quis te amar e jamais vou falar a verdade.


Guilherme Henrique Miranda
São Vicente, 11/5/2009


Perdoem-me a ausência no meu blog e no blog de vocês, mas prometo que logo voltarei ao normal.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Amor

Aquele post sobre a compaixão deu certo, então eu vou falar sobre outro sentimento humano, o amor.

O amor não começa e termina do modo que pensamos. O amor é uma batalha, o amor é uma guerra; o amor é crescimento contínuo. (James Baldwin)

Durante anos, décadas, séculos e milênios o homem fala sobre o amor. Poetas, filósofos, psicólogos e até mesmo leigos tentam descrever o que é o amor. Será que alguém já conseguiu fazer isso?

Camões disse:

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

(Soneto XI - Luis Vaz de Camões)


Para Platão, o amor liberta o ser humano e o leva à verdade.

Para Plotino, o amor purifica e eleva o ser humano.

Para Santo Agostinho, o amor é o nexo que une as Pessoas divinas.

Para Tomás de Aquino, o amor constitui a essência central da própria vida de Deus.

Para Rousseau, o amor é filho da natureza e da liberdade.


Uma definição que me agrada muito é a de Mário Quitana: Tão bom morrer de amor... E continuar vivendo!


Se quiserem uma definição mais próxima da realidade, vamos a um exemplo musical:

Eu nunca disse que te amo, mas meus olhos sempre me traem. (Zezé de Camargo e Luciano)




Enfim, temos algumas definições e frases sobre o amor. O que eu quero mostrar com isso tudo? Simples: muito se fala e pouco se vive.

Quer amar? Ame, não se preocupe com definições ou com aquilo que dizem que é o amor. Eu poderia passar horas falando o que o amor é para mim, mas do que valeria isso? Nada. Amor é amor; É indescritível, inquestionável, inconfundível, inevitável, indestrutível...

Mas se querem mesmo uma definição minha para o amor, aí vai:

AMAR É MORRER. Morrer de saudades, morrer de ciúmes, morrer de vontades, morrer por tanto amar e querer expressar... E como diria Mário Quintana, morrer e continuar vivendo.

Se eu amo? Amo morrer diariamente, a todo instante e constantemente. Se me sinto bem por isso? Melhor impossível. Se me torno bobo por amar? Eu nunca vi alguém muito feliz sem parecer abestalhado.


Ah! É tão bom viver quando o vivemos para amar...

Anjos: Briga de Casal - Terra Dos Palhaços

Dispensa qualquer comentário. Ri muito com esse vídeo...

Ahhh... Sem falar que o som é sensacional!




quarta-feira, 6 de maio de 2009

A Compaixão

Tenho a ótima mania de buscar raízes etimológicas das palavras que usamos freqüentemente mas que nunca paramos para entender o que realmente querem dizer. Uma palavra que me chama muito a atenção, é compaixão. A palavra compaixão aparece em algumas línguas antigas. São elas: Francês antigo (compassion), latim antigo (compassionem) e grego (compati). Porém, sua grande raiz é a língua grega.

Paixão vem da palavra grega patia (doença; que traz dor; que faz sofrer). Compaixão nada mais é que a expressão do que se sente. Se eu tenho compaixão de alguém, a dor a qual a pessoa está sentindo é a mesma que eu estou sentindo. Se me compadeço com a situação do mundo, o que afeta o mundo está me afetando; se me compadeço com a situação das crianças abandonadas na rua, o que traz dor a elas dói em mim também; se me compadeço de um cachorro que está passando fome, a fome que ele sente também é refletida em mim.

Diante disso tudo eu pergunto: quantas vezes sentimos compaixão de algo ou alguém? É tão mais fácil sentirmos remorso, tristeza, pena ou qualquer outra coisa que não nos comprometa tão grandemente. Para que sentir a dor dos outros se ele é uma pessoa e eu sou outra? Simples: "Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram" (Romanos 12:15). O que Paulo quis dizer nesse versículo não é apenas que devemos nos importar com o que os outros estão passando, mas devemos também sentir o que eles sentem. A vida cristã não é fácil e todos sabem disso, mas o que nos torna diferentes é a união que temos, o sorrir em unidade, se alegrar em comunhão, chorar juntos e etc.

A compaixão nos conduz ao perdão. Um grande exemplo disso é narrado no livro Falsos, Metidos E Impostores (Brennan Manning). Após ler esse texto muitas práticas de minha vida tiveram de ser revistas. Todos meus pré-conceitos tiveram de ser deixados de lado.

A compreensão mobiliza a compaixão que nos possibilita perdoar. Stephen Covey recorda um incidente no metrô de Nova York numa manhã de domingo. Os poucos passageiros no vagão estavam lendo jornal ou cochilando. Covey estava envolvido numa leitura, quando certo homem embarcou com algumas crianças, que deram início à bagunça. A criançada corria de um lado para o outro do vagão, gritando e lutando umas com as outras. O pai não mexia um dedo para coibir aquilo.

Passageiros mais idosos mudavam de lugar, visivelmente irritados. Covey esperava com paciência que o pai restaurasse a ordem com uma bronca leve, uma palavra de ordem, qualquer expressão de autoridade paterna - mas nada. A tensão toda se transformava em frustração. Por fim, Covey voltou-se para o pai e disse educadamente:

-Talvez o senhor possa restaurar a ordem aqui, se disser aos seus filhos que voltem e sentem.

-Eu sei que eu deveria fazer alguma coisa - respondeu o homem. Estamos vindo do hospital. A mãe deles morreu faz uma hora. Eu simplesmente não sei o que fazer.

Exatamente quando eu acho que sei, descubro que não sei.

Dificilmente a realidade é aquilo que nos parece mais óbvio.

O que eu não sei é quase sempre mais importante que aquilo que sei.
Quando sabemos onde está a dor do nosso inimigo, a compaixão conduz ao perdão.
(MANNING, Brennan. Falsos, Metidos e Impostores)



Muitas vezes temos de sofrer algo impactante em nossas vidas para que elas sejam mudadas, porém esse é o caminho errado. Temos de acertar o que somos, isso é certo, mas não podemos esperar algo acontecer para mudar. Platão dizia: "Não espere por uma crise para descobrir o que é importante na sua vida". Gandhi dizia: "Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo". Charles Dubois dizia: "O importante é termos a capacidade de sacrificar aquilo que somos para sermos o que temos de ser". Eu digo: "Ser ser sem ser ser não é, certamente, ser".

A volta do meu blog - parte III

Incentivado por algumas pessoas, resolvi trazer à vida novamente esse blog, que na verdade nunca morreu, apenas mudou de nome. Atendendo o pedido da Camila (http://confabulodeideias.blogspot.com), resolvi postar uma poesia antiguinha que tem um tom nostálgico e, é lógico, byroniano.


Memórias De uma Vida

Mais uma vez a cena se repete,
Estou em meio a escombros,
Escombros de minhas memórias,
Escombros de uma vida.

A luz parecia compreender-me,
Estou em meio à escuridão...
Escuridão que é minha alegria,
Escuridão que é a solidão.

Olho pela janela e vejo a chuva cair,
Estou em meio a lagrimas,
O céu compreendendo-me, me impede de sair.

Estou só em meio a pensamentos,
Estou só em meio a memórias,
Que transformo em poesia, nesse momento.


Guilherme Henrique Miranda
São Vicente, 27/10/2006